Como Deus usa o ministério da sua Palavra para criar e fortalecer o seu corpo
Entre as inúmeras atividades de um pastor, a preparação de um sermão é classificada como aquela que ocupa mais tempo.Levantamentos indicam uma media de dez a quinze horas por semana, e essa média não inclui as horas de preparação informal que ocorrem por meio de leitura auxiliar, da observação da cultura e da interação com membros da congregação.
Preparar sermões é uma grande parte de nossa vida. Por que nós fazemos isso? Por que somos pagos para pregar? Por que nossa congregação espera um bom sermão toda semana? Por que gostamos disso? Essas razões têm algum mérito o mérito do dever cumprido, pessoas satisfeitas e o prazer do estudo mas eles não são bons o suficiente.
Uma razão melhor, aquela que eu suspeito que anima a maioria de nós, é a convicção de que a pregação é indispensável à vida da igreja.
Por meio da pregação, Deus forma a igreja e a faz crescer. Antes de explicar essa afirmação, tenho uma advertência: estou usando o termo pregação no sentido completo do conceito bíblico.
A Bíblia usa trinta e três palavras para descrever as riquezas da pregação anunciar, espalhar as boas novas, testemunhar, ensinar, debater, exortar e assim por diante.
Minha aplicação do termo inclui o sentido estereotipado de "sermão do púlpito no domingo', mas não é limitado ao discurso público (a pregação pode ocorrer com uma platéia de uma pessoa), a forma de monólogo (a pregação pode ocorrer no diálogo, veja At 17.2,3) ou lugar ? tempo (a pregação pode ocorrer em casa, no escritório ou na praça, assim como na igreja).
A descrição que a Bíblia dá de pregação é mais bem compreendida como um termo genérico como comunicação bíblica ou falar em nome de Deus. A expressão de John Stott entre dois mundos resume esse ministério.
Por meio da pregação Deus chama a igreja à existência
Renascemos por meio "da palavra de Deus, viva e permanente [...] Essa é a palavra que lhes foi anunciada" (lPe 1.23,25). A fé vem por ouvir a Palavra de Deus, e ouvir requer que alguém pregue (Rm 10.14,15); a pregação é o meio pela qual Deus forma sua igreja.
Por meio da pregação, Deus concede fé, arrependimento e nova vida. A descrição que a Bíblia faz da pregação como um poder imenso nasce de uma teologia forte da Palavra de Deus. Por meio de palavras, Deus criou os céus e a terra. Ele falou, e aconteceu.
Por meio de palavras, ele amaldiçoa e abençoa. Ele fala, e acontece. Suas palavras não são meramente vibrações da atmosfera causando vibrações agradáveis em nosso ouvido interno; nem são simplesmente traços e pontos, rabiscos e riscos de tinta em um papel.
Antes, elas são forças criativas que encarnam e produzem sua vontade. Suas palavras quebram corações de pedra (Jr 23.29), purificam do pecado (Ef 5.26), atravessam a consciência (Hb 4.12), nutrem bebês (lPe 2.2), produzem frutos (Mc 4.20), iluminam nosso caminho (SI 119.105) e nos mostram quem verdadeiramente somos (Tg 1.22-25).
A pregação bíblica libera o poder espiritual dinâmico da Palavra para nos iluminar e persuadir a ficarmos longe dos prazeres do mundo. Por meio da pregação, ele nos torna seu corpo, sua igreja. O livro de Atos demonstra como Deus forma a igreja por meio da pregação.
No dia do Pentecostes, "Pedro levantou-se com os Onze e, em alta voz, dirigiu-se à multidão" e cerca de três mil foram acrescentados à recém-formada igreja em
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Jerusalém (2.l4ss.). "Os que haviam sido dispersos pregavam a palavra por onde quer que fossem", e a igreja na Samaria foi formada (8.4ss.).
"Os que tinham sido dispersos por causa da perseguição [...] chegaram até a Fenicia, Chipre e Antioquia, anunciando a mensagem", e a igreja na Síria foi formada (11.19ss.).
"Quase toda a cidade se reuniu para ouvir a palavra do Senhor [...] e creram todos os que haviam sido designados para a vida eterna" (13.44,48).
"Segundo o seu costume, Paulo foi à sinagoga e por três sábados discutiu com eles com base nas Escrituras, explicando e provando que o Cristo deveria sofrer e ressuscitar dentre os mortos", e a igreja na Macedônia foi formada (17.2ss.).
"Então Paulo levantou-se na reunião do Areópago" para proclamar o Deus desconhecido, e a igreja na Grécia foi formada (17.22ss.).
Tenho um amigo que está vendo a igreja se formar no Camboja entre o povo tampuan. Ele está vendo isso acontecer enquanto a história de Deus é ensinada sistematicamente com um estudo chamado "Da Criação à Cruz".
Meu amigo é um incansável supervisor, administrador, tradutor, professor e conselheiro nessa igreja, de modo que ele está bem consciente de que Deus age por meio da atividade humana, mas ele também diz que tem a extraordinária experiência de simplesmente ver a igreja "acontecer" ao redor dele com vida própria.
A semente cai em vários solos e brota e, em alguns casos, dá frutos. Para usar uma imagem diferente, por meio da pregação, Deus forma sua noiva, a igreja. Ele também usa a pregação para tornar a noiva bela.
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Por meio da pregação Deus faz a igreja crescer
A obra da salvação começa quando a Palavra é pregada, e a obra da salvação continua à medida que a Palavra é pregada. "Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo.
Para isso eu me esforço, lutando conforme a sua força" (Cl 1.28,29). O autor dessa declaração, Paulo, aconselhou seu filho na fé, Timóteo, a adotar uma "estratégia de crescimento" similar: "Dedique-se à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino" (lTm 4.13).
Porque Deus santifica por meio de sua Palavra (Jo 17.17), a pregação que explica e aplica essa Palavra santifica os ouvintes. E por isso que os pastores precisam ser mestres (Ef 4.11,12; lTm 3.2; Tt 1.9).
Eles precisam repreender, corrigir e exortar com toda a paciência e doutrina (2Tm 4.2) enquanto refutam falsas doutrinas, explicam a doutrina correta e exortam o rebanho a seguir a voz do Pastor. A igreja primitiva nem sempre agia corretamente, mas eles acertaram esse aspecto.
Por exemplo, a Didaquê, um manual da ética da igreja que data do começo do século II, refere-se a um conjunto de ministérios de ensino: bispos, diáconos, mestres itinerantes, apóstolos e profetas. A igreja primitiva entendeu a convicção dos apóstolos de que, por meio da pregação, Deus santifica sua igreja.
A ênfase na pregação continuou no século II, da maneira como é descrita na Primeira Apologia de Justino Mártir, que descreve o "louvor semanal dos cristãos":
No dia chamado domingo, todos que vivem em cidades ou no interior se reúnem em um lugar, e as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas são lidos, tanto quanto o tempo permitir; depois, quando o leitor termina, o presidente verbalmente instrui e exorta à imitação dessas coisas boas. No final do século II, Tertuliano escreveu na sua Apologia-.
Nós nos reunimos para a leitura dos escritos sagrados. [...] Com as sagradas palavras, nutrimos a nossa fé, animamos a nossa esperança e fortalecemos a nossa confiança [...] e confirmamos os bons hábitos.
No mesmo lugar, são feitas também exortações, e são ministradas repreensões e sagradas censuras.
No século IV, Crisóstomo expressou suas convicções sobre a pregação em um sermão a respeito de Efésios 6.13.
Ele disse que o corpo de Cristo, assim como o corpo humano, é suscetível à doença. Medicina, dieta, mudança de clima e sono ajudam a restaurar o corpo físico, mas elas podem curar o corpo de Cristo? Um único meio e uma forma de cura nos foi dada [...] e esse meio é ensinar a Palavra.
Esse é o melhor instrumento, essa é a melhor dieta e é o melhor clima; isso serve no lugar da medicina, isso serve no lugar da cauterização e incisão; onde quer que seja necessário cauterizar e amputar, esse método precisa ser usado; e, sem ele, nada servirá.
Pela Palavra de Deus, nascemos de novo, e a igreja é formada. Pela Palavra de Deus, essa igreja cresce para ser como a Cabeça. Por meio da pregação, Deus solta o furacão de sua Palavra.
Veja esboços de pregação.
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